30 setembro, 2008

Desacordo ortográfico

Choram as paroxítonas acentuadas pela perda de entes queridos.
O alfabeto abre seus braços e recebe mais três integrantes.
O trema, coitado, foi exterminado, como se nada representasse.
O hífen ainda está tonto, pois não sabe mais onde se coloca.
Sobrou até para o indefeso apóstrofo.
Como ironia de um destino tragicômico, o atestado de óbito da nossa língua foi assinado na casa de um dos maiores defensores da nossa língua, por um presidente que mal sabe tudo isso que foi supracitado.
Machado de Assis revira-se na cova. E nós, continuamos a mercê de violências como essa.

Saboneteiras

Pois foi, justamente, no dia do casamento que a Marieta embestou que “não casava e pronto!”

A mãe, que já gastara todos os subsídios para dissuadir a filha de fazer aquela loucura, jogara-se no sofá, exausta, já em prantos e praguejando ao marido que a filha só podia ter puxado por ele, com aquele “gênio de mula empacada”. O pai, por sua vez, tentava, de todos os modos, arrancar da filha o motivo daquilo tudo, justo agora que já estava de véu, grinalda, maquiagem, cabelo, limusine alugada, hotel em Viña Del Mar pago por uma semana para as núpcias, igreja lotada e o pobre do Alberto esperando no altar. Porém, a Marieta insistia que só falava com a irmã, Maria Luisa, a qual, além de ser a melhor amiga e cúmplice, só ela a entenderia. Pois foi o que fizeram. Chamaram a Maria Luisa, que estava disposta no seu lugar de madrinha na igreja.


- Mas como??? – perguntava Maria Luisa, após atender o celular, que insistentemente vibrava. – Ela não pode... – sussurrava, tentando controlar-se, enquanto olhava para Alberto, ao lado do altar.

-Não pondera, Malu, e vem, que só você pode nos salvar desse vexame – bradava histericamente a mãe, ao telefone.


Maria Luisa tentava deixar a igreja, sem sucesso, esgueirando-se por entre os convidados, que vez por outra perguntavam se havia algum problema. E o Alberto lá, impassível.


Como um furacão, Maria Luisa invadira o apartamento dos pais e, ofegante, dissera, postando as mãos na cintura:


- Logo hoje, Marieta?!
- É sério, Malu!! E só falo com você... – falou Marieta, com ternura na voz.
-Pois bem, vamos lá para a biblioteca – disse Malu, conduzindo a irmã pelo braço até o aposento.
- Certo. Estou esperando... – incentivou, após acomodar-se ao lado irmã.

Marieta começara a narrativa dos fatos ocorridos no dia anterior, um pouco atabalhoada, é verdade, gesticulava muito, contudo as frases iam se formando.

Na tarde do dia anterior, estava ela, Marieta, em seu novo apartamento, “dando os últimos retoques”, como dissera a Alberto. Arrumava louças em seus devidos locais, estendia lençóis, novos e alvos em seu novo ninho de amor quando ouvira tocar a campainha. Pensara que o noivo fora lhe fazer uma surpresa. Porém, logo afastara esse pensamento, pois ele viajara com a mãe com o propósito de buscar sua avó materna para a cerimônia. A cidadezinha, na qual tinham ido, não era muito longe, mas ainda não dera tempo de irem e voltarem. Resolveu atender. Abriu a porta e dera de cara com o Juca.


- O Juca??!! – exclamara Malu, muito surpresa e completara – Aquele Juca que será (ou seria) um dos padrinhos do Alberto?? – e ainda emendara – Aquele Juca, baixinho, feioso e mirrado???

Todas as perguntas de Malu tiveram como resposta a Marieta afirmando com a cabeça e olhos fechados.

- O que ele queria lá?? – perguntou, intrigada, Malu.

Marieta contara que o propósito inicial da visita, dissera ele, era ajudar o Alberto com os preparativos para a cerimônia, já que era um dos padrinhos. Ela dissera que o noivo viajara, mas não tardara a voltar. Foi então que tudo começara...

- Começou o quê, Marieta?? O quê?? – interrompera, Malu, quase gritando de impaciência.

Marieta retomara a narrativa.

Pois foi lá pelas tantas que ele elogiara as suas saboneteiras e ...

- Elogiou o que?? – interrompera, Malu, novamente, cada vez mais impaciente.
- As minha saboneteiras...estas concavidades que ficam entre o pescoço e a omoplata. – falou , Marieta, alisando as suas, em questão.
- Sim. Eu sei o que são e onde ficam...só queria ter certezas de que eram estas mesmo...e então?? – incentivara, Malu.
Marieta não apenas narrara os fatos em seqüência, mas também os revivera, com uma empolgação que a irmã jamais tivera visto nela. Quase que reconstituindo, contara que após o primeiro elogio, vieram uma série de outros e a seguir a voz de Juca entrara em suas idéias entorpecendo, fazendo-a fraquejar (ela afirmara veementemente que não tomara um só gole de álcool, o dia inteiro) e quando dera por si estavam nus, enroscando-se naquela que seria a sua cama de casal, em menos de 24 horas.

Maria Luisa acompanhava, atônita, a narrativa da irmã, porém quedou-se de vez quando Marieta pusera-se a contar, com os mínimos detalhes, todas as peripécias que o Juca era capaz. Não apenas falara, mas reproduzira posições (mesmo estando dentro de um vestido de noiva reproduzira algumas muito bem) e as que não conseguira reproduzir, imitara com gestos manuais (sendo cada mão um corpo). Terminado o monólogo de Marieta, Malu respirou fundo e murmurou com ar de decepção:

- Desistir de um casamento por causa de duas saboneteiras...(claro que ela sabia que não era, mas seus pais depositaram nela suas últimas esperanças, tinha que tentar e talvez, quem sabe, mostrando-se decepcionada...)
- Você sabe quantos elogios o Alberto me deu em oito anos (seis de namoro e dois de noivado) de relação???- perguntou, Marieta, e já respondendo antes da irmã balbuciar qualquer coisa. – Muito menos que o Juca em duas horas e trinta e dois minutos de sexo sem compromisso!!

Maria Luisa conhecia a irmã, nem que Jesus Cristo descesse à Terra e pedisse que voltasse atrás, ela voltaria. Conhecia tão bem, que já esperava que a irmã mencionasse o tempo decorrido ato sexual (era uma mania incorrigível de Marieta, cronometrar o tempo do sexo. Onde já se viu?? Aff...) Por fim, a conversa estava liquidada.

Do lado de fora, os pais esperavam aflitos.

Quando Maria Luisa saíra, entreolharam-se e antes de sair porta a fora só disse uma frase:

- Mula empacada!!

A mãe tornou a jogar-se no sofá, já imaginando os comentários ofídios de suas “amigas”.

O pai continuou olhando fixo para a janela, imaginando o dinheiro que antes, pensara ele, era investimento, agora era prejuízo.

Nunca souberam o conteúdo da conversa que houve entre as irmãs.

Na igreja o burburinho era geral, antes de Maria Luisa chegar e comunicar que não haveria casamento algum, menos por dois personagens ali, estáticos, acompanhando os comentários. Um era Alberto, imóvel, suando em bicas e outro era o Juca, baixinho, feioso, mirrado com seu terno impecável de padrinho.

O que ninguém entendera era por quê o Juca continuava com o sorriso estampado no rosto?

Depois da poeira assentada, a vida continuara. Todos continuaram a freqüentar a mesma turma de amigos, mas sempre que isso acontecia a Maria Luisa ia com uma blusa de gola alta, não importasse o calor. Vai que ele olhe as minhas saboneteiras também, melhor não arriscar...vai saber, né??? – pensara ela.


26 setembro, 2008

O ABC do Gre-Nal

Domingo, aqui no RS, é dia do maior clássico de todos os tempos e, inevitavelmente, lembramos de alguns pontos que são presenças certas na peleia. Resolvi organizar em ordem alfabética para facilitar. Vejam:





A de Ânimo
O ânimo é o diferencial deste clássico, pois sem ele não teríamos o espetáculo. Não veremos um dos dois times entrarem em um clássico desanimado. Nunca;

B de Bastidores
O Gre-Nal começa a ser jogado lá nos bastidores, quando uma semana antes é anunciado. Geralmente, são os dirigentes que polemizam, deixando os jogadores como coadjuvantes;

C de Confusão
Não há Gre-Nal sem uma confusãozinha sequer. Dentro, fora de campo ou até mesmo na torcida, sendo antes ou depois do clássico;

D de Disputa
Há muita disputa dentro e fora das quatro linhas. Os dirigentes com suas frases de impacto e os jogadores com suas atuações;

E de Escalação
São nelas que estão aqueles que vão nos proporcionar a emoção de mais um clássico. Podem vir com os times tradicionais ou com algumas surpresas, causando o chamado “nó tático”;

F de Faltas
A pegada, a força, a garra, a rivalidade habituais causam um jogo de muitas faltas. Apesar das muitas infrações, geralmente não é um jogo violento;

G de Gols
Geralmente não saem muitos, porém esses poucos sempre são lembrados devido à importância ou polêmica;

H de História
A história do clássico sempre é trazida a tona quando este se avizinha. Usa-se e abusa-se dos números e das estatísticas também a fim de adivinhar o que acontecerá no que está prestes a ser jogado;

I de Imprensa
O clássico não teria essa fama toda e nem haveria tantas repercussões se não fosse a imprensa com sua cobertura constante e suas notícias bombásticas. De acordo com os boleiros, é ela a responsável por determinar os heróis e vilões da peleia;

J de Jogadores
Os astros do espetáculo. São neles que depositamos todas as esperanças naqueles 90 minutos de pura adrenalina;

L de Local
O estádio é um fator determinante para onde gangorra penderá, influindo diretamente nas torcidas;

M de Marcação
Inegavelmente, é um jogo atípico, sobretudo na marcação. Não se pode afrouxar um segundo, passível de sofrer um gol fatídico;

N de Nervosismo
Está sempre presente de ambos os lados, contudo é preciso eliminá-lo para que não seja comprometida a desenvoltura do espetáculo. É necessário deixar todo e qualquer sintoma de nervosismo para a torcida;

O de Orgulho
Vestir a camisa de qualquer dos dois times é motivo de muito orgulho para qualquer jogador, devido aos muitos títulos importantes que somados chegam a 18, entre nacionais e internacionais;

P de Paciência
Tal qual um jogo de xadrez, o Gre-Nal é uma partida de paciência. De nada adianta jogar-se afoitamente para o ataque, pois pode ser surpreendido por contra-ataques mortais;

Q de Qualidade
Embora seja um jogo viril, o Gre-Nal não deixa de ser uma bela partida de qualidade com lances plásticos, jogadas de efeito e bonitos gols;

R de Raça
Durante os 90 minutos do clássico é preciso haver raça por ser um jogo de muita marcação, ânimo e disputas. Há quem diga que os jogadores muito “faceiros” não figuram em Gre-nais.

S de Surpresas
Geralmente vêm nas escalações dos times, na tentativa de confundirem o técnico adversário. Quase sempre são vistas com improvisações de jogadores, lançamentos de pratas da casa, mudanças de esquema ou estréias inesperadas;

T de Torcidas
Essas sim dão um espetáculo à parte, sobretudo a do mandante que em maior número engole a do rival. Contudo, quando o adversário está em vantagem a pequena torcida visitante parece multiplicar-se;

U de Único
Com todo respeito aos outros, o Gre-Nal é incomparável e sem dúvidas é o melhor clássico do mundo;

V de Vitória
Não há nada mais regozijante do que ganhar um Gre-Nal. Aquela sensação de superioridade perante o rival é extremamente satisfatória;

X de Xodó
O Gre-Nal é um eterno fabricante de xodós de torcida. É só fazer o gol da vitória, jogar com toda a raça que cairá nas graças eternas daqueles que gritam fervorosamente nas arquibancadas;

Z de Zebra
Apesar de nunca ter um favorito declarado, existe a zebra do clássico, sendo geralmente aquele com o time tecnicamente inferior ou pior classificado no campeonato. Há quem diga que a vitória da “zebra” arruma a casa e pode virar a gangorra.






Assim como nos outros 372 clássicos, estamos mais do que preparados para tudo isto.



E que vença o melhor!

23 setembro, 2008

Sonho

Vejam se esse não é o sonho de qualquer homem???




Por via das dúvidas já encomendei duas caixas desse desodorante!!!



22 setembro, 2008

Zagueiros: O mal necessário


Embora seja uma raça em extinção, ainda necessitamos deles. Não há time que perdure ou que seja vencedor sem um bom zagueiro. O Xerifão. Aquele que faz cara de mau até para o companheiro de equipe.
Zagueiros têm que ter cara feia, de preferência, parecer com marginais, andar com a barba por fazer e, se possível, arranjar uma cicatriz. Sim, uma cicatriz daquelas bem carnosas ajuda na hora de amedrontar os atacantes. Sérgio Manoel e Edmundo seriam ótimos zagueiros se não tivessem habilidade.
Habitualmente, gritam o tempo todo e com isso ganham a braçadeira de capitão de suas equipes, pois têm o poder de dar bronca até no técnico. Na preleção, rosnam devido às reminiscências de quando não eram escolhidos primeiro para os times pela falta de habilidade, salvo quando eram o dono da bola, porém isso os fazem rugir.
Bons zagueiros já entram em campo com um cartão amarelo na súmula, anotados para si pelo árbitro, pois é certo que reclamarão de toda e qualquer falta ou farão uma para tirar o craque do outro time de campo. Essa missão também é delegada por eles aos centro-médios, mas desta espécie trataremos em um outro dia.
Eles, os zagueiros, são a única espécie que não precisam se envergonhar ao fazer uma jogada grotesca ou dar um “Viva a São João”, pois são pagos para isso e o público espera que eles assim o façam.
Os donos das camisas 3 e 4, necessariamente, têm que dar o sangue pelo time, vide Hugo De Leon em 83 pelo Grêmio e índio pelo Inter em 2006, nas conquistas da América e Mundial, respectivamente. Também jogam quebrados e enfaixados como Beckenbauer pela seleção alemã em 70. Raça é seu primeiro sobrenome. Virilidade o segundo.
A raça dos quartos zagueiros e backs centrais começou seu declínio na década de 90 com o surgimento de jogadores nessa posição com muitíssima habilidade que matavam a jogada sem falta. Pasmem! Sem falta! Seres franzinos e donos de tamanha técnica que se aventuravam nas terras desconhecidas do “além - meio campo”, tais como: Gamarra e Cannavaro.
De tempos em tempos surgem surtos de rebeldia com movimentos de retorno dos senhores da área. Como são esporádicos, logo são contidos e caem no esquecimento como as tentativas de Junior Baiano e Materazzi, mais recentemente.
Hoje em dia, com a globalização a todo gás, os velhos zagueirões transformaram-se em stoppers e líberos, assim como os centro-médios viraram volantes, os laterais, alas, os pontas e os meias sumiram, dando lugar aos avantes e primeiros, segundos, terceiros e até quartos homens de meio campo.
Ainda lembro quando as zagas eram sólidas o suficiente com dois, apenas dois zagueiros que não ultrapassavam a zona imaginária da intermediária e uma linha de impedimento era bem comandada com apenas um grito de “Saiiiiiiiiiii!!!”.
E coitado de quem ficasse.

18 setembro, 2008

Um outro certo Capitão Rodrigo

A natureza e a mãe já tinham lhe dado meio caminho; os olhos azuis aquilares e o nome: Rodrigo. Respectivamente. Porém, não era o bastante para ele, que passara a amar Erico Veríssimo após ler oito vezes seguidas “O Continente” (mais precisamente o capítulo: Um certo Capitão Rodrigo).

O estopim de tudo fora aceso quando uma colega de serviço resolvera, no seu aniversário, fazer uma festa à fantasia. Pronto!Era o motivo que ele precisava. Resolvera ir vestido de Capitão Rodrigo Severo Cambará. E foi.

Mandara fazer uma túnica, tal e qual a do Capitão, colocara um bigode postiço, comprara, numa tacada só as bombachas brancas, o chapéu (que nunca fora usado como deveria e sim sempre recostado à nuca), o lenço vermelho, as botas, as esporas e o violão, porém faltava-lhe a espada. Arranjara a lâmina na véspera, com um amigo.

Na festa, a interpretação fora perfeita. Falava mais alto que todos, dava em cima das “piguanchas”, comia de um modo barulhento e quando bebia o líquido escorria-lhe pelos bigodes e pela face, derramando sempre um grande volume das bebidas. Todos riam muito. Ao final, todos parabenizaram-lhe pela “atuação” que culminara com o prêmio de fantasia mais original (“prêmio surpresa”, dissera Regina, dona da festa).

O que surpreendera a todos, foi que na segunda-feira subseqüente o Rodrigo avançara escritório adentro com a mesma fantasia, bradando:

-Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!
-Tá, Rodrigo!! A festa foi no sábado. Acabou a palhaçada! –retrucara um colega que tinha o apelido de “esquentadinho”.
-Por acaso te chamas Juvenal??- perguntara Rodrigo, com um ar provocativo.
-Não. Tu sabes que o meu nome é Breno. –respondera o esquentadinho.
-Então não me dirijas a palavra...

E nos dias que se passaram trocara o pseudobigode por um verdadeiro. Passara a chamar as colegas e todas as mulheres que cruzavam seu caminho de “china”. Vendera o carro e comprara um cavalo porque, dizia ele, “não hai nada melhor para pelear que um bom cavalo”. Brigara com outro colega só porque seu sobrenome era “Amaral”.

Seus exageros eram cada vez mais improváveis. Mudara até sua alimentação, pois passara a comer somente carreteiro de charque, lingüiça frita e um bom churrasco, todos sempre regados a guampas e mais guampas de cachaça. Os cortejos vinham sempre acompanhados da fatídica pergunta:

-Por acaso seu nome não é Bibiana?? Hein, minha prenda??

Um dia, sua mãe (que ele já negara, pois o Capitão não tinha mãe) já cansada da insanidade do filho, aproveitara-se do momento em que Rodrigo tirava sua sesta, armara, com pesar no coração, sua remoção para uma clínica psiquiátrica.

Nos três anos de intensa terapia, Rodrigo apresentara melhora significativa, sendo tratado por uma psiquiatra, de perto, mas tão de perto que acabaram apaixonando-se.

E vieram o noivado, casamento marcado e sacramentado.

Na noite de núpcias, quarenta minutos de preliminares já se iam, quando Rodrigo interrompera, acendera a luz do abajur e perguntara à recém esposa:

-Teria algum problema se na hora “H” eu te chamasse de Bibiana?? Hein, minha prenda??

"O precursor da Liberdade"

Nada melhor do que “O Tempo e o Vento” do inigualável Erico Veríssimo para representar a Semana Farroupilha.

Relembremos o Capitão Rodrigo Cambará em sua chegada à Santa Fé:




No próximo post, confira um conto em homenagem à Semana Farroupliha e ao Imortal Erico Verissimo.

17 setembro, 2008

Download sem compromisso



Ele: Oi!

Ela: Oi!

Ele: Quanto tempo não teclamos?

Ela: Pois é, você só me procura quando quer conectar. Pensei até que tinha mudado de endereço IP...

Ele: Não é verdade...meu host continua o mesmo!! Seu blog que andou mudando...

Ela: Não mesmo!! Continuo hospedada no mesmo site...(pausa)

Ele: Você está ótima. Andou fazendo um Upgrade?

Ela: Ah! Você notou? Só dei uma atualizada nos drivers, coisa bem básica.

Ele: Está linda mesmo, quando te vi, meu processador quase teve um overclock, ainda bem que estou bem de cooler.

Ela: Que exagero!! Deve ser seu monitor...

Ele: Um dia desses, estava fazendo um backup e lembrei da nossa primeira conectada. Você lembra?

Ela: Claro que lembro. Ainda está bem viva em meu HD. Você foi logo desabilitando meu firewall e...

Ele: Mas não foi fácil, seu anti-virus estava em alta segurança.

Ela: Claro! Não sou de deixar qualquer um invadir meu sistema assim, logo na primeira teclada. É que você tinha um jeitinho todo especial de mexer o mouse...

Ele: Assim???

Ela: Ei!! Tire esse seu mouse da minha USB agora!!

Ele: Mas o que houve? Porque não podemos conectar? Você sabe que é tão bom!! Lembra de quantos downloads fazíamos por noite?

Ela: (suspira) Lembro....mas naquela época você era diferente...me mandava e-mails, me deixava scaps...

Ele: (usando o scroll, aproxima) É que eu tinha uma banda larga wireless...

Ela: Não vem com desculpas...e já falei pra você tirar esse mouse daí!!

Ele: Só uma conectadazinha...vai...

Ela: Não!

Ele: Eu atualizei meu browser...você não quer testar?

Ela: Atualizou mesmo? Não vai conectar e depois me bloquear?

Ele: Juro que não.

Ela: Vai me fazer ter vários downloads como antes?

Ele: Quantos você quiser.

Ela: Você tem anti-spyware aí? Não sei com quem você anda conectando...não quero pegar nenhum vírus.

Ele: Sempre carrego comigo.

Ela: Então não demora com esse pendrive!!

Ele: Só se for agora...

Ela: Aiii...então desabilita logo meu firewall..isso aumenta minha taxa de upload....



***



Ela: É tão bom conectar com você...conhece como ninguém meus links.

Ele: (smile de sorriso)

Ela: E ai de você que não me deixe nem um scrapzinho!!!

Ele: (smile de sorriso)


16 setembro, 2008

Da série "Palavras que você sempre quis saber, mas nunca teve coragem (saco) de procurar no dicionário"





Não é de hoje que externo e brado aos quatro ventos o meu amor incondicional à Língua Portuguesa, pois só ela (sem desmerecimento a outras línguas) é capaz dessa metamorfose onde em uma única frase estamos dizendo uma coisa quando parecemos dizer outra.
Existem palavras, nas quais nunca depositamos uma vez sequer os olhos e quando a vemos ficamos, inevitavelmente, boquiabertos, estupefatos, devido à diversidade de sinônimos e/ou palavras adormecidas, que nos fazem pensar: "Onde diabos eu estava quando deram essa porra de aula?".
Com mais de 356 mil unidades lexicais, é perfeitamente normal desconhecermos "algumas".
Diante desta magia que nos hipnotiza é que estréio aqui (o blog é meu mesmo e estréio o que eu quiser) uma nova série de posts sobre a "A última flor do Lácio": “Palavras que você sempre quis saber, mas nunca teve coragem (saco) de procurar no dicionário”.
Vamos a elas:


EXEGETA: s.m. e s.f. Pessoa que se dedica à exegese. (vai procurar o que é EXEGESE, oras!)


ESPÚRIO: adj. A que falta legitimidade; bastardo; não genuíno. / Fig. Falsificado; adulterado.


GLABRO: adj. Sem barba, imberbe: jovem glabro. / Botânica. Diz-se dos órgãos vegetais desprovidos de pêlos.



PÉRFIDO: adj. Desleal, que falta à fé jurada; traidor, infiel, desleal.



ELUCUBRAÇÃO: s.f. Penoso ou prolongado trabalho intelectual feito à noite; meditação, divagação. O mesmo que lucubração. / — S.f. pl. Pesquisas longas e pacientes: entregar ao público o resultado de suas elucubrações.






Fascinante né???


Ainda faço-lhes uma frase e com sentido!



"O exegeta glabro foi pérfido ao fazer uma elucubração espúria."


Até a próxima!!

15 setembro, 2008

O dia da morte


Desde pequeno, quando apresentado a amigos de seus pais, Fabrício, após os cumprimentos de praxe e o recebimento de alguns agrados, disparava a afirmação que sabia o dia de sua morte.


-O que???-perguntavam, todos, sempre com espanto.

-É sim...eu sei!! É no dia...(e dizia ele o dia, mês e ano do acontecido).


Os que lhe davam trela, faziam as contas mentalmente ou pegavam-se a contar nos dedos e chegavam na mesma conclusão: Fabrício estaria com 57 anos, se realmente fosse verdade aquela profecia.Todos olhavam-no com espanto e com o mesmo espanto desviavam o olhar na direção dos pais de Fabrício (por que, afinal, não era todos os dias que se via uma criança, tão jovem, falar da morte e ainda mais da sua própria) que se limitavam a dar um sorrisinho como se dissessem:


-Ah! Essas crianças de hoje...


Porém, o tempo foi passando, a adolescência chegando e logo em seguida dando lugar à idade adulta e com elas mais amizades foram feitas, casamentos feitos e desfeitos, filhos chegando, cabelos caindo, papo vai, papo vem e lá vinha o Fabrício espalhando, a todos que conhecia e que tinham algum contato com ele, a data de sua morte.


E não é que o dia chegou. Fabrício, então com seus 57 anos, recém completados, acordou cedo, foi até a sala de sua casa e sentou-se numa poltrona, pois decidiu que morreria ali.

Sua atual esposa (a terceira já) e seus três filhos (tinha sete, ao total, dois com cada uma das outras duas esposas) acordaram em pânico, pois na noite anterior haviam conversado, sem a presença de Fabrício, claro, sobre o “amanhã”, e encontraram-no ali, (parecia um pouco pálido, reparou o caçula) recostado, olhando para o nada.

Lá pelas tantas, Nelinha, sua esposa, resolveu quebrar aquele “iceberg”:


-Fabrício, Fabrício, você tem certeza que é hoje??


Ele limitou-se a responder que sim com um aceno de cabeça.


Eram nove e quinze da manhã.Meio-dia. A campainha toca. Nelinha atende. Fabrício olha em direção à porta, reconhece suas ex-mulheres e seus outros quatro filhos, todos com pesar no semblante. Fabrício pensou “não acreditavam mas estão aqui...”


E essa foi a rotina tarde a dentro: Campainha. Nelinha atende. Alguns amigos. Depois, alguns vizinhos. Logo mais, parentes distantes. Não paravam mais de chegar. Certa hora a porta não foi mais fechada, os lugares na sala foram todos ocupados, logo em seguida o jardim.Todos que lembravam, vinham e os que não lembravam também vinham, pois eram lembrados por aqueles que lembravam.


Contabilizaram mais de 400 pessoas e todos que chegavam vinham com perguntas do tipo:


-Ele ainda está aí?


Ou então:


-Ele já se foi?


Ou até mesmo:


-Que horas é o cortejo?


Teve até a Dona Maria que já chegou chorando e dando os pêsames para Nelinha, que teve todo o trabalho de, em meio à multidão na sua sala, mostrar que Fabrício ainda estava lá, apesar de já ser quinze para as nove da noite.


Fabrício permanecia a maioria do tempo imóvel e quando se mexia, fazia movimentos leves, porém sempre acompanhado da narração do ex-cunhado, bradando:


- É agora!!!


Um engradado de cachaça já se ia (comprado com o dinheiro arrecadado pelo mesmo ex-cunhado, passando o boné, com o pretexto de “onde já se viu velório sem uma purinha?? Sim porquê aquilo era um tipo diferente de velório”) quando os mais exaltados começaram a impacientar-se e passavam a olhar, cadenciadamente, os seus relógios. Eram onze e dezoito.


O próprio Fabrício, que tinha fé que seria naquele dia o seu último, percebia a meia-noite aproximar-se e com ela um outro dia, que, inevitavelmente, teria que ser o do seu enterro.


Ele tinha de fazer algo, pois não poderia decepcionar toda aquela gente, que mesmo desconfiando, confiaram na sua palavra e estavam ali para despedir-se (ou seria um sentimento mórbido que os assolavam e queriam mesmo era vê-lo definhar?)


Cinco para a meia-noite. Burburinhos começavam a deixar de serem cochichos.


Três para a meia-noite. Alguns já desistiam e saiam ofendendo-o.


Um para a meia-noite. O telefone toca. Fabrício mexe-se com rapidez (todos olham para ele e para o aparelho, em seguida). Ele atende:


-Alô. Sim...Claro. É perfeitamente compreensível...sim...tchau.


Recoloca o fone no gancho e senta-se.


Todos esperam uma atitude de Fabrício como se este fosse um cobrador de pênalti e eles a torcida, apreensiva.


-E aí, Fabrício?? Quem era??-pergunta o ex-cunhado, pra lá de Bagdá.

-Era a Morte...

-A Morte??- perguntam todos, em uníssono.

-E o que ela disse??

-Disse que vai se atrasar um pouco...

-Um pouco?? Quanto tempo???

-Uns vinte e cinco anos.

12 setembro, 2008

Em um barraco qualquer


Em um barraco qualquer, em uma favela qualquer no vasto território brasileiro, em um futuro não muito distante, um casal tenta descansar, deitado em seu leito após um árduo dia de trabalho para ambos. Ela, após realizar a mágica de dividir dois paezinhos e meia panela de feijão sem tempero entre seus seis filhos e colocá-los para dormir. Ele, logo em seguida de quase quebrar a cabeça pensando como pagar as contas e alimentar as oito bocas com aquele ínfimo salário que acabara de receber horas antes.
Ela, apesar de estar com os olhos fechados, não conseguia dormir. Estava deitada de lado, de costas para ele, raspava levemente a unha na lasca do tijolo mal rebocado da parede a sua frente. O lençol esburacado tapava-lhe apenas da cintura para baixo.
Ele, olhos abertos, apesar do escuro, olhava para o teto que abrigava as várias goteiras quando chovia. Não estava coberto pelo lençol. Tinha costume de colocar a mão por debaixo da cabeça, sobre o travesseiro improvisado com as velhas roupas usadas, quando estava acordado, dava-lhe a sensação de que conseguia pensar melhor.
Ambos escutavam suas respirações conforme o silêncio se acentuava. Minutos antes podiam ouvir três de seus filhos reclamarem da fome, falando entre eles, antes de pegar no sono (se é que dormiram).
Ela estava quase pegando no sono quando pensou ter ouvido seu nome dito pelo companheiro. Voltou ao mundo dos acordados e constatou que ele a chamara, e estava na segunda tentativa disso. A voz era sussurrada, balbuciada, com um sofrer que ela não tinha visto. Quando pela terceira vez ele chamou, ela respondeu:
- O que, homem???
- Hoje... – começou ele.
- Fala logo...tu sabe que amanhã eu levanto às 4:00 hs. – replicou ela.
- Sabe o Sebastião? – perguntou ele ainda sussurrando.
- Que Sebastião? Eu lá sei quem é...fala duma vez, homem!!
- É que ele fez umas horas extras lá no trampo...
- E daí? – virou-se ela já sem paciência.
- Quando nos deram o salário ele ganhou duas notas de 20 “real”...
- Duas??? – perguntou ela saltando da cama.
- Pois é...duas... – ratificou ele – Quanto tempo nós não vemos uma, né mulher? - continuou.
- Pois vou te confessar que nunca vi uma!!! Como ela é? Tu chegou a tocar?
- Vi sim...melhor ainda...peguei na mão...deu uma vontade sair correndo – falou ele, olhando para o nada do escuro, lembrando o momento.
- Como ela é? Como ela é? – perguntou ela com empolgação, olhando para ele, mesmo só conseguindo distinguir a silhueta devido à escuridão do quarto.
- Amarelinha, amarelinha...que coisa mais linda, mulher...e tem um macaquinho desenhado nela...uma belezura!!! – disse quase sussurrando para si mesmo que ela teve que chegar mais perto para escutar o final da frase.
Houve um silêncio sepulcral nos minutos que se passaram, interrompido por ele, continuando a narrativa:
- O Antero me disse que lá na obra perto do centro teve um cara que recebeu uma de 50!!!
- Cinqüenta?? Não pode ser, homem de Deus!!! Tem certeza de ouviu 50??? – ela já estava de pé em cima da cama e vez por outra mordia a ponta do lençol.
- Ouvi. – disse ele ainda no transe, imaginando como seria a nota de 50, inédita aos seus olhos.
- E ainda dizem que existe uma de 100 “real”!! – continuou ele.
- Cem??? – disse ela, dessa vez gritando, desequilibrando-se e caindo da cama, causando um barulho estrondoso. Nem o tombo foi suficiente para fazê-los parar de imaginar como seria a lendária nota de 100, somente o choro do filho menor os trouxe de volta para a realidade.
Ela preparou-lhe uma mamadeira de água de arroz fervido para enganar a fome cruel e o devolveu ao berço que dividia com mais um pequeno.Voltaram a deitar, sem conseguir dormir. Ela de lado, de costas para ele, com o lençol até a cintura. Ele, olhando o teto, com a mão sob a cabeça. Dessa vez não raspavam tijolos sem reboco ou olhavam goteiras no escuro. Esqueceram-se momentaneamente até da fome que era inquilina fiel de seus estômagos. Sonhavam acordados com as mais variadas cores e desenhos que poderiam estar na nota de 100 que seguravam em suas imaginações.

10 setembro, 2008

Os 10 menos da película tupiniquim

Deu trabalho, mas tá aí os 10 filmes (ou o que quer que sejam) que não deveriam ter sido feitos, filmados, produzidos ou sequer pensados, aqui no Brasil.
Há quem vá dizer que estou desfazendo do cinema nacional, mas muito pelo contrário, sou um admirador deste, porém das coisas apreciáveis.
Não pude colocar em questão os filmes da Xuxa e os do Didi sem os outros trapalhões, pois senão seria desleal.
Enfim, chega de blábláblá e apreciem as pérolas.



10º Lugar - Acquaria


Sandy e Júnior separaram-se, porém antes nos deixaram esse infeliz legado. Lamentável.
Pelo menos esse longa serviu para algo: Já sabíamos que o Júnior não era cantor e agora sabemos que também não é ator. Uma hora ele descobre a vocação.



9º Lugar - Zoando na TV



Mais um da série “ apresentadores que se acham atores”. E, pra variar, péssimo como todos os outros.
Somos eternamente gratos ao Luciano Huck, que deu dois filhos para a Angélica ter o que fazer e desistir dessa história de ser atriz.



Se Chico Mendes fosse vivo, morreria ao ver isso.
E, pasmem! Ainda teve o 2!!! Afff



Se há uma coisa que a Eliana soube aproveitar em seu noivado com Roberto Justus foi a grana que ele deve ter investido e comprado os produtores dessa piada que é “O segredo dos golfinhos”.
Se não dava para suportar ela cantando “os dedinhos”, imagina após ver essa jóia?
Definitivamente Eliana, você está “demitida”!!


6º Lugar - Menino Maluquinho

Aqueles que leram o gibi do Menino Maluquinho, dentre os quais me incluo, vomitaram antes do 10º minuto do filme.
O Ziraldo deve ter ganho uma grana preta para deixar que estragassem seu trabalho dessa forma.
Obs:. E ainda teve o 2. psssssssss



5º Lugar - Fuscão Preto
“Me disseram que ela foi vista com outro
Num fuscão preto pela cidade a rodar
Bem vestida igual à dama da noite
Cheirando a álcool e fumando sem parar
Meu Deus do céu, diga que isso é mentira
Se for verdade esclareça por favor
Daí a pouco eu mesmo vi o fuscão
E os dois juntos se desmanchando em amor
Fuscão preto você é feito de aço
Fez o meu peito em pedaços
Também aprender a matar
Fuscão preto com o seu ronco maldito
Meu castelo tão bonito
Você fez desmoronar”

O filme é baseado na música. Não preciso dizer mais nada, né?




Se no show de calouros do Silvio Santos não dava certo, imaginem fazendo cinema. Pois é, Elke Maravilha e Pedro de Lara cometeram essa heresia.
Que ficassem na Rússia e no elo perdido, respectivamente.


3º Lugar - Uma aventura do Zico



Quando o zagueiro do Bangu, Márcio Nunes, deu aquele carrinho no joelho do Zico, deveria ter acertado a sua boca, assim não teríamos a infelicidade de ver esta ignomínia e, ainda por cima, seríamos Hexa, pois ele não perderia dois pênaltis contra a França em 86.


Duas das coisas mais ridículas que esse país já produziu, juntaram forças e protagonizaram essa pérola.
Se você não teve o desprazer de ver, não o faça, todavia imagine a riqueza dos textos para a película, pois o Faustão fala nada mais, nada menos que 2.538 “ô loco meu” e o Sérgio Mallandro arrasa com o seu imortal “ié iééééé´”.
Sobrou até uma pontinha pro Wando.


1º Lugar - Cinderela Baiana

Se quando olhássemos um verbete no dicionário fosse possível ter uma ilustração ao lado referindo-se a ele, com certeza o “bunda” teria a foto de Carla Perez, bom, pelo menos na época em que foi lançada essa coisa que alguns chamam de filme, intitulado “Cinderela Baiana”. A dona do "I de Iscola" deveria ter ficado só mostrando o Tchan e não nos agredir a retina com essa jóia rara. E, como se ela própria não bastasse, ainda teve a participação do cantor Alexandre Pires, então namorado da abundante aspirante a atriz. É de matar.
No também péssimo filme “Ó paí ó”, podemos ver Lázaro Ramos demostrando resquícios de ter atuado no filme da loira do Tchan, que, sem sombra de dúvidas, é o supra-sumo da ridicularidade das telas nacionais.
Obs:. Claro, hoje em dia, o verbete supracitado teria a foto da Mulher Melancia.

Cometi alguma injustiça?
Esqueci de algum?
Mande seus comentários ou faça a sua lista!!
*****
Ps: Tive que deixar de fora pérolas como: A dama do lotação, Doida demais, Ele o boto, Uma Escola Atrapalhada, Ópera do Malandro, Popstar, Sonho de Verão, O Xangô de Baker Street , entre outros!!!

09 setembro, 2008

Natasha


Tinha nome de vodka e corpo de Vênus de Milo.

- Natasha.

Assim, simples assim, foi como ela se apresentou, esticando a mão e abrindo o sorriso que fez parar o tempo.

-Téo. – replicou Teobaldo.

Não ia dizer que seu nome era Teobaldo, em hipótese alguma para uma escultura daquelas.

Enquanto ela abria o sorriso com os dentes mais brancos que já vira, imaginou de quantas formas possíveis poderia “bebê-la”. Inúmeras.

Era o oitavo pecado capital. Gula, Preguiça, Luxúria, Vaidade, Avareza, Soberba, Ira e Natasha.

Bendito seja o Armando, que a conduziu pela sala inteira de seu apartamento fazendo as apresentações de praxe. E assim ela ia, de um em um, causando embasbacamento nos homens e inveja mortal nas mulheres. Com um pretinho básico tão colado que ora poderia ser confundido com a própria epiderme da moça. E o rebolado?? Ah que rebolado! Era melhor que ver gol do time do coração.

Era a nova estagiária do Armando, aquele velho lobo da noite, tentando aprontar das suas novamente. Depois do escândalo com a última estagiária com menos de 25 anos, pivô de seu divórcio, o velho Armandinho, como era chamado por todos, tinha deixado de lado essa história de contratar meninas para os cargos de proximidade na empresa.

Nos happy hours que aconteciam frequentemente no Ap. do Armandinho, sempre na primeira sexta-feira de mês, já tinham o pessoal confirmado, os que sempre iam, porém naquele dia o Teobaldo, que nunca ia, resolvera ir. Ficou num canto, meio deslocado, afastado para ser mais exato. Estava olhando através da janela quando ouviu aquela voz aveludada vindo por de trás de seu ombro direito:

- Amei seu perfume. Qual é o nome?

Era Natasha e estava sem o Armandinho a tiracolo.

A pergunta fora simples, comprava sempre o mesmo perfume, seria fácil dizer o nome, mas dessa vez fora como se tivessem perguntado o número atômico do Molibdênio numa prova oral de química. O nome...como era mesmo?? Não podia desapontar aquele monumento de forma alguma. Mudou de assunto rapidamente.

Teobaldo tentava concentrar-se na conversa, mas só conseguia imaginar o corpo rijo e perfeito por baixo daquele vestido e nos gestos que ela fazia quando sorria, jogando o cabelo para trás ou passando levemente a língua na borda do copo, enquanto prestava a atenção em alguma explicação filosófica.

O papo já se estendia e o Armandinho foi disparando olhares cada vez mais penetrantes para o Teobaldo. Quase que inevitável pensar na segunda-feira a carta de demissão em cima de sua mesa. Ah! Que se dane!! Natasha valia uma demissão! E como valia! Emprego encontra-se aos montes, mulheres como Natasha era uma em um milhão e estava ali no maior flerte com ele, Teobaldo, que nunca fora um Casanova.

Teobaldo estava se sentindo o máximo, mais olhado que capítulo final de novela das oito.

Apesar de todos os homens da reunião a tirarem para dançar, ela sempre voltava para a companhia do Teobaldo e isso foi deixando-o mais confiante, já até ensaiava umas piadas.

Estavam numa intimidade incrível. Ela, quando gargalhava, jogava-se para frente quase se abraçando no excitadíssimo Teobaldo.

Sentaram-se num sofá bem aconchegante numa parte penumbra do ap e rodaram por vários assuntos até chegar no “família”. Teobaldo, já com a mão sobre a perna da moça, próximo, bem próximo dela, inocentemente, perguntou se ela tinha mais irmãos, aqueles assuntos para não deixar a conversa morrer, sabe? Ela prontamente respondeu que tinha mais uma irmã e dois irmãos, contando nos dedinhos daquela mãozinha que foi feita para não fazer absolutamente nada. Perfeita. Lisinha. Emendou já dizendo os nomes: Jonnie Walker, Jack Daniels e Walesa. Teobaldo, querendo ser engraçado, disse que o pai dela só podia ser o Velho barreiro. Soltando uma gargalhada estrondosa, por ter achado uma piada, além de oportuna, engraçada mesmo. Não foi acompanhado pela moça na gargalhada que se levantou com lágrimas nos olhos, falou algo no ouvido do Armandinho e saiu correndo do Ap.

Na segunda-feira, nada de Natasha.

Tempos depois, Teobaldo ficou sabendo que o pai dela era alcoólatra e morrera de cirrose hepática.

Desde então sempre quando há happy hours no ap do Armandinho o Teobaldo toma um porre de vodka. Advinha qual?

07 setembro, 2008

Brasileiros


Berço esplêndido com lençóis rasgados.
Restos de alimentos das classes emergentes.
Atrozes são os governantes,
Sabendo que seu povo reluta à morte,
Insistem no descaso,
Levando consigo a salvação.
Entre mortos e feridos, erguem-se,
Importando-se apenas em viver mais um dia.
Resistem às tempestades e agruras,
Orando, pedindo que possam, com orgulho,
Sorrir um dia e dizer que nasceram aqui.





*Acróstico em homenagem àqueles que sobreviveram para testemunhar mais um 7 de setembro.

05 setembro, 2008

Imagens temos, palavras não sabemos.

A olimpíada já passou, mas ainda repercute por aí. Nas transmissões vemos as imagens, porém quase nunca o que é dito em um jogo, luta ou outra modalidade é revelado. Portanto, agora saberão.



Foi bom pra você?



Ei! Alguém pode tirar o plástico de cima da piscina?


No judô não ganhei nada...quem sabe no hipismo??



Não vai doer! Não vai doer! Não vai doer!



Aiiiiiiiiiiiiii...só agora vi que o Bush tá do meu lado!!!!



Na sua primeira vez doeu tanto assim???



Polo aquático??? Ops! Pensei que fosse nado de "peito"!



Alguém viu minha medalha???Aqui ela não está!!!



Save the Whales!



Ei juiz!! Ela tá tentando me subornar!!


Depois dessa dança, vamos a um lugar mais aconchegante?



Definitivamente o homem (e a mulher) descendem dos primatas.





Agradeço a colaboração da minha amiga Suzan, pelas imagens.

Dá uma voltinha...

Duas da manhã.
Olha o que uma mente vazia e pervertida encontra.

Eu me presto....

04 setembro, 2008

Eu sei o que vocês fizeram na olimpíada passada

Vai começar mais um filme de terror, protagonizado pelo Dunga e o escrete canarinho. É até uma heresia referir-me a esta seleção de hoje com tal alcunha, tão honrada e exaltada pelos times de 58, 62 e 70, porém prefiro assim a chamá-los de amarelões. Ainda não os definirei desta forma, pois para os amarelos ainda há o verde da esperança e para que isto também não pereça, alguns personagens de histórias infantis têm que deixar a Granja Comari.
Saída esta que foi pedida há alguns anos, mais precisamente em 1990, naquela fatídica partida em que o Maradona desfilou por entre o time inteiro do Brasil, sobretudo ao lado do Dunga, e a defesa deixou aquela loira de cabelos esvoaçantes passar, na esperança de olharem a bunda dela, e entrar com bola e tudo, sim falo do Caniggia, aquele que mais parecia a cruza do Axel Rose com o Mirandinha.
Ele, o Capitão Dunga, redimiu-se em 1994, naquela seleção retranqueira do Parreira, quando bateu um pênalti e levantou a taça (na pior de todas as copas que já assisti). Toda a nação pensou: Pronto! Agora ele sai com saldo zero.
Mas não, o maior discípulo de Sebastião Lazaroni estaria de volta, para comandar a seleção. Era demais para os 180 milhões de técnicos. Mas como brasileiro é um povo esperançoso, um voto de confiança foi dado.
Até agora, só papelão.
E domingo à noite, é contra o Chile. Uma batalha.
Sinto-me envergonhado em dizer isso.
Pois vejam vocês, há algum tempo atrás este post não seria necessário, pois a seleção patrolaria, esmagaria, delaceraria os chilenos, sem o menor esforço. E isto tem lá suas razões, pois quando eu era criança ao olhar o mapa, achava o Chile tão estreito que poderia atravessá-lo com meia dúzia de passos e que não tinha espaço para duas pessoas andarem lado a lado que uma delas cairia no Pacífico, muito menos para campos de futebol. E hoje, estou com medo da seleção de futebol do país do Pinochet.
Brasileiros, levantemos as mãos para o céu que o Ivan Zamorano não joga mais.
E como diria, e, infelizmente, ainda diz o Galvão Bueno: Haaaaaaaaaja Coração!!

03 setembro, 2008

Bodas de batata palha


É. O que ninguém esperava aconteceu. O Google falhou!
Fiquei em pânico. Entrei em desespero. Foi pior que ser atacado pelos alienígenas sanguinários do “Guerras dos Mundos”. Definitivamente não sabia o que fazer.
De hoje em diante, ao proferir a oração do internauta, quando chegar na parte “O Google é meu pastor e nada ficará sem resposta” hesitarei como um goleiro diante do cobrador de pênalti com paradinha.
O fato ocorreu em uma conversa corriqueira, dessas que não leva a lugar algum, entre o comentário sobre o tempo e o sobre a balada.
Conversar com mulher é fatal que sempre vai surgir assunto sobre datas e comemorações, fulano e fulana fazem “niver" de namoro ou casamento ou noivado e bla bla bla e coisa tal...foi aí que fui questionado sobre as bodas. Sim, as tais bodas. Ela queria saber quando se faz dois meses comemora-se bodas de que. Vou lá eu saber!!! Como de costume, Google neles!
Depois que inventaram o Oráculo dos buscadores, vulgo Google, o “não sei” sumiu, desapareceu, escafedeu-se do vocabulário, pois em dois cliques e uma digitadinha: TCHARAMMMM!! Estava lá a resposta, de todas as formas possíveis: completa, reduzida, em outra língua e até inventada.
Mas, o que fazer quando isso não acontece??? O que fazer quando seu “anti não sei” diz “não sei”??

Tive que inventar.

-Ah...é bodas de batata palha.
-De batata palha???
-É. Assim como 25 anos é de prata, 50 é de ouro e 75 é de diamante.
-Hum... E 100 anos??
-Ahhhh!! Quem faz 100 anos de casamento hoje em dia???
-Não sei...alguém deve fazer...
-Se esse alguém fizer, as bodas serão de Kryptonita!
-Affff...

A curiosidade feminina ainda me mata!
Mas para garantir que ela tenha acreditado na minha resposta, acrescentei:
-Mas é daquelas batatas palha temperada, viu?

01 setembro, 2008

Isso que é bom gosto!



vizinha...aqui vende desodorante Avanço??
Com essa frase, um “tiozinho” irrompeu farmácia adentro, gritando para a atendente que me atendia. Automaticamente lembrei-me do slogan do referido desodorante: “Com Avanço, (as moscas) elas avançam!”. Fiquei me perguntando se ainda existia isso. Também foi inevitável lembrar o desagradável odor, para não dizer "fedor", que era exalado por aquele spray. Franzi a testa e fiz aquela cara repuchada de nojo.
Ela continuou o que fazia, sem dar atenção ao homenzinho. Se bem que pela cara que ela olhou, deve ter pensado: "Vizinha" é a putaquetepariu, pois não moro do lado da tua casa!!
Assolado por um súbito acesso de curiosidade, olhei por cima do ombro a silhueta do apressado cliente que repetia a pergunta, dessa vez um pouco mais próximo. Até podia sentir as gotículas de saliva que saiam com as palavras proferidas e o bafo etílico.
Sendo uma sexta-feira, a noite caindo, imaginei que o cidadão ali, queria se perfumar para ir ao encontro de uma dama solitária necessitada de carinhos. Mas perfumar-se com Avanço?? Só faltava ter tomado banho com sabonete Phebo... Se é que a água tinha passado naquele corpo.
Mais uma vez foi ignorado pela moça do balcão.
Chegando ainda mais perto, ele tornou a repetir a frase, sendo interrompido pela atendente que finalizava seu atendimento comigo.
Não satisfeito, e tentando manter-se em pé, mandou a seguinte frase:
- Ô moça...se não tiver o Avanço, pode ser o Alma de Flores lavanda, viu?
Para não vomitar na cara dele, saí apressado da farmácia.