Embora seja uma raça em extinção, ainda necessitamos deles. Não há time que perdure ou que seja vencedor sem um bom zagueiro. O Xerifão. Aquele que faz cara de mau até para o companheiro de equipe.
Zagueiros têm que ter cara feia, de preferência, parecer com marginais, andar com a barba por fazer e, se possível, arranjar uma cicatriz. Sim, uma cicatriz daquelas bem carnosas ajuda na hora de amedrontar os atacantes. Sérgio Manoel e Edmundo seriam ótimos zagueiros se não tivessem habilidade.
Habitualmente, gritam o tempo todo e com isso ganham a braçadeira de capitão de suas equipes, pois têm o poder de dar bronca até no técnico. Na preleção, rosnam devido às reminiscências de quando não eram escolhidos primeiro para os times pela falta de habilidade, salvo quando eram o dono da bola, porém isso os fazem rugir.
Bons zagueiros já entram em campo com um cartão amarelo na súmula, anotados para si pelo árbitro, pois é certo que reclamarão de toda e qualquer falta ou farão uma para tirar o craque do outro time de campo. Essa missão também é delegada por eles aos centro-médios, mas desta espécie trataremos em um outro dia.
Eles, os zagueiros, são a única espécie que não precisam se envergonhar ao fazer uma jogada grotesca ou dar um “Viva a São João”, pois são pagos para isso e o público espera que eles assim o façam.
Os donos das camisas 3 e 4, necessariamente, têm que dar o sangue pelo time, vide Hugo De Leon em 83 pelo Grêmio e índio pelo Inter em 2006, nas conquistas da América e Mundial, respectivamente. Também jogam quebrados e enfaixados como Beckenbauer pela seleção alemã em 70. Raça é seu primeiro sobrenome. Virilidade o segundo.
A raça dos quartos zagueiros e backs centrais começou seu declínio na década de 90 com o surgimento de jogadores nessa posição com muitíssima habilidade que matavam a jogada sem falta. Pasmem! Sem falta! Seres franzinos e donos de tamanha técnica que se aventuravam nas terras desconhecidas do “além - meio campo”, tais como: Gamarra e Cannavaro.
De tempos em tempos surgem surtos de rebeldia com movimentos de retorno dos senhores da área. Como são esporádicos, logo são contidos e caem no esquecimento como as tentativas de Junior Baiano e Materazzi, mais recentemente.
Hoje em dia, com a globalização a todo gás, os velhos zagueirões transformaram-se em stoppers e líberos, assim como os centro-médios viraram volantes, os laterais, alas, os pontas e os meias sumiram, dando lugar aos avantes e primeiros, segundos, terceiros e até quartos homens de meio campo.
Ainda lembro quando as zagas eram sólidas o suficiente com dois, apenas dois zagueiros que não ultrapassavam a zona imaginária da intermediária e uma linha de impedimento era bem comandada com apenas um grito de “Saiiiiiiiiiii!!!”.
E coitado de quem ficasse.
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