10 novembro, 2008

Top Ten do Cartoon

Os 10 melhores desenhos animados da história. Sob minha humilde visão, é claro!

Caverna do Dragão




Thundercats




Os Simpsons




Megas XLR




Snoopy




Liga da Justiça




Superamigos




As Meninas Super Poderosas




O Fantástico Mundo de Bob




Transformers




Doug




CatDog




Animaniacs




Gi-Joe




Tiny Toon




Eu juro que o propósito era selecionar os 10 melhores, porém achei 15 e não consegui eliminar nenhum deles.

Portanto, este é o único Top Ten com 15 itens!!

05 novembro, 2008

Sinal de um mundo novo??


Em uma tarde qualquer de 1789, George Washington caminha em um dos corredores da Casa Presidencial quando é parado por um de seus guardas.
- Presidente, esta noite sonhei que um negro governava os EUA. – contava o soldado todo empolgado.
- Um negro? – questionou o presidente.
- Sim senhor. E antes disso ele era advogado e senador.
George Washington olhou para os outros guardas e apontando o dedo em riste para o soldado sonhador, gritou:
- Prendam este maluco!

31 outubro, 2008

Jujubas Verdes


Aqui, no sul do Brasil, nos quatro meses que são abrangidos pelo verão, onde a maioria da população goza de suas merecidas férias, tem-se o costume de abandonar as cidades e rumar, como num êxodo, para o litoral num período, localmente, denominado por “veraneio”, e o ápice desse fenômeno migratório dá-se nos meses de janeiro e fevereiro.


Veranear é quase como uma obrigação para a classe proletária, que passa os oito meses restantes planejando a viagem, a estada, calculando as finanças, organizando tudo nos ansiados dias que passarão de papo pro ar, somente com o mar por testemunha.


O mar! Ah, o mar. Esse é o mais esperado pelos veranistas que, dias antes, chegam a sonhar que já estão invadindo aquela imensidão da água.


O sol, a areia sob os pés, o futebol na beira da praia (por parte dos homens), os bronzeamentos conseguidos com o “sol das onze”(por parte das mulheres), até mesmo a pele descascando no final da vacância são muito bem vindos neste intervalo de solstício de verão.


E foi num desses veraneios da vida que o Glauco conheceu a Júlia.


Sentado embaixo de um guarda sol, de óculos escuros, olhos fechados, entre ele e a África só o mar (gostava de pensar assim quando estava na beira da praia), no estado entre o acordado e o sono, vulgo madorna, foi despertado por uma bolinha de frescobol batendo em seu abdômen. Assustado, quase caiu. Pegou a maldita bolinha e ia atirar longe, com toda a raiva, quando em sua direção vinha uma loira, cabelos levemente cacheados, olhos verdes, pele amorenada de algumas semanas de bronzeamento, a marquinha do biquíni em evidência, corpo escultural e um sorriso desarmador. Era Júlia.


A mão esticada de Julia pedia a bolinha que foi entregue seguido de um obrigado, pronunciado com voz angelical. Glauco agradeceu também, não a ela, mas ao mundo, ao destino por ter colocado aquele exímio espécime do sexo feminino à sua frente.


Glauco ficou ali durante horas, estático, só observando aquela Vênus de Milo que se mexia, sentindo-se o próprio Yorgos.


Não sabe ao certo quanto tempo se passou até o momento que ele mesmo intitula de “o encontro” acontecer. “O encontro” ocorreu quando cansada de jogar o frescobol com seu sobrinho, Julia olhou em volta com o propósito de perguntar as horas e mirou Glauco. A passos lentos e cadenciados chegou perto e perguntou-lhe. Glauco, ainda abobalhado, disse que não tinha relógio. Ela sorriu. Ia movimentando-se para achar alguém que lhe pudesse dar a informação quando ele disse que era a hora certa. “Hora certa para quê, extamente?”, perguntou ela intrigada. Hora certa para conversarmos, respondeu.


Normalmente, ela iria embora, pois se tratava de mais uma cantada barata, todavia não o fez. Ficou.


Apresentaram-se. Ela dispensou o sobrinho. Ele tratou de começar a falar. Ela sentou-se à sua frente, entre ele e o mar. Entrosaram-se rapidamente, estavam na mesma faixa etária. Ele um pouco mais velho. Ela muito esperta. A idade dele compensava a maturidade dela. E vice-versa. Igualavam-se.


Estava ficando tarde. Marcaram para o dia seguinte, no mesmo local. Cedo, bem cedo.


E assim foi nos dias que se passaram. Encontros, conversas a beira mar. Entre ele e o mar só Julia (gostava de pensar assim quando estava com ela em frente ao oceano, pois ela sempre sentava à sua frente).


Ele tinha encontrado a perfeição. Ele de touro. Ela de escorpião. Completavam-se sexualmente, disse ela, sem pudor.


Ambos amavam cinema. Concordavam nos gêneros de filmes.


No futebol, torciam para o mesmo time, fanáticamente. Quase choravam, ao lembrar de façanhas passadas do time do coração.Faziam faculdades diferentes. Ele, Letras. Ela, Administração. Mas eram da área das humanas.


Na gastronomia o consenso era lasanha e o velho e bom churrasco de domingo.


Ele conversava com ela sobre escova progressiva. Ela conversava com ele sobre quadrinhos.


E assim passaram a por muitos assuntos desde astronomia até a novela das oito. Concordavam em tudo. Tudo mesmo.


Um dia, como de costume, no fim do veraneio, quando andavam de mãos dadas, felizes, passou um menino vendendo jujubas. Julia quis. Glauco comprou.


Abriu o pacote e ofereceu a primeira a ele. Glauco não quis. Ela perguntou se ele não gostava. Ele disse que adorava, com exceção das verdes. Ela parou no meio da rua, estupefata. Ele perguntou o que houvera. Ela disse que amava jujubas verdes. Ele disse que não suportava. Ela esbravejou e saiu pisando firme.


Nunca mais se falaram.


Ela não atendeu seus telefonemas, não respondeu seus e-mails e nem suas mensagens.


Nos os veraneios seguintes, Glauco foi para a beira da praia com um caixa de jujubas. Come só as verdes, à contra gosto, mas come, na esperança de reencontrar Julia, jogando frescobol à sua frente, até porque entre ele e o mar não há mais ninguém.

30 outubro, 2008

Perdoai-vos! Eles não olham a contracapa


Como um conformado proletário que sou, dependo de ônibus. E não pode ser qualquer tipo de ônibus.

Tem que ser daqueles transbordando, expelindo gente, como um nariz ranhento em pleno terceiro dia de gripe. Daqueles que em cada parada, desce um e sobe oito. Os passageiros respiram em compasso, pois não há espaço para expirações aleatórias ou bocejos.

Preparava-me psicologicamente para acotovelar-me com os demais 136 transeuntes ali, que esperavam coincidentemente o mesmo coletivo que eu, quando olhei para o lado e vi, uma bela estudante, empunhando seus livros.

Até aí normal. Horário de saída de escola, ônibus, estudante. Porém um fato chamou-me a atenção: Nas mãos da estudante havia dois livros e na contracapa deles havia o hino nacional impresso.

Sim. Nos dois! Eu vi. Estava escrito “Hino Nacional Brasileiro” em letras garrafais e em negrito.
Foi então que o ônibus chegou. Ela subiu. Junto com ela mais quatro meninas. Todas com seus livros didáticos na mão.

E pasmem! Todos tinham o Hino impresso na contracapa.

Saí do acotovelamento e sentei-me em um dos bancos ali perto para observar a turba de estudantes que passavam ali naquele horário.

Fiquei estático durante um tempo que não sei precisar e nesse ínterim só apertava os olhos para ver se todos os livros tinham o hino impresso.

E tinham.

Há um tempo atrás, vi em um programa na TVE (sempre gostei dos programas da TVE, desde pequeno) que entrevistava pessoas na rua para ver se elas sabiam cantar o Hino Nacional corretamente. Foram vários. E só um cantou correto, por que era militar.

Passei seis anos no quartel e uma das boas coisas que aprendi por lá foi cantar hinos. Aprendi uns 254 hinos diferentes nas aulas de canto. Desde o hino da minha cidade até o “Cisne Branco”.

Lembro que uma das aulas mais interessantes que tive na escola foi quando tivemos que interpretar o texto do Hino Nacional. Foi fantástico. Naquele dia fiquei conhecendo o significado de palavras como: fúlgidos, florão e lábaro.

Não consigo entender por que o brasileiro tem a dificuldade com o hino brasileiro, se ele está impresso na contracapa dos livros didáticos.

Será que ninguém olha a contracapa?

Ou será que ninguém dá bola para as coisas do país?

Os alunos brasileiros carregam os livros por obrigação e não por vontade de aprender.

É uma utopia querer que um jovem de 16 anos saiba o hino nacional corretamente, afinal ele tem coisas mais importantes a fazer, tais como ficar no celular, no MSN, Orkut...desculpe, mas não pude segurar a ironia.

Mas, se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta.

Será?

Subi no ônibus, não liguei para os cotovelos, cerrei minha cara em uma das janelas e fui, infausto.

28 outubro, 2008

Sidaction

Camapanha francesa contra a AIDS.



Sensacional a criatividade!!!

26 outubro, 2008

Segundo turno

Domingo, 26 de outubro de 2008.



Geraldo abriu os olhos, sentiu a luminosidade proveniente da janela semi-aberta cegar-lhe, momentaneamente. Esfregou-os veementemente enquanto bocejava e espreguiçava-se. Afastou o lençol, sentando-se na cama. Olhou para a fresta da janela e percebeu a chuva que castigava a cidade desde o dia anterior continuava sem trégua. O desânimo que o acompanhara durante toda a semana ainda o dominava.


Levantou, finalmente, cambaleando entre a desordem de seu quarto-sala, rumando ao banheiro para aliviar a bexiga.


Enquanto deixava sua urina escorrer privada abaixo, pensava que além de todas as desgraças que estava passando tinha que exercer seu dever de cidadão. Tinha que votar.


Cidadão??? Será que a sociedade ainda o considerava um cidadão?


Desempregado há muitos meses, vivendo da boa vontade alheia e de “bicos” que esporadicamente apareciam. Nada na sua área de trabalho. Tinha que comer, então fazia o que aparecia. Tinha que comer. Fato.


Pensou enquanto lavava as mãos. Olhou ao redor e notou a deterioração do seu banheiro. Paredes descascadas, cano d’água sem chuveiro, descarga quebrada, odor fétido de urina choca. Aquilo não era um local digno para um ser humano viver.


Saiu daquele ambiente inóspito e retornou ao quarto-sala tão degenerado quanto o outro. Abriu a geladeira. Só água. Debruçou-se sobre a porta do eletro doméstico, suspirando. Não havia solução. E o pior é que ainda tinha que votar.


Votar??? Para quê votar? Resolveria seus problemas?


Todas as vezes que exerceu a “democracia” a coisa só parecia piorar. No início, ele tinha esperanças de que poderia mudar o rumo do país, que as coisas poderiam melhorar, que os pobres poderiam viver com dignidade, alimentando-se pelo menos três vezes por dia.


Algumas vezes pareceu que a coisa andaria. Mas nada disso ocorreu. Tudo só piorou.


Fechou a porta da vazia geladeira e girando nos calcanhares foi até uma pilha de roupas. Colocou a primeira camiseta que parecia limpa e uma calça jeans surrada. Calçou o tênis quase sem sola e voltando ao fétido banheiro, jogou uma água nos cabelos e no rosto. Olhou-se no espelho e teve a visão da derrota. Viu a sua face, desfigurada, olheiras profundas, barba por fazer de alguns dias e um olhar perdido, como se não estivesse mais neste mundo.


Ficou alguns minutos encarando-se. Lembrou-se de um Geraldo diferente, com esperanças, com vida, com entusiasmo. Um Geraldo que fazia acontecer, que não se entregava diante de uma dificuldade.


As lágrimas que escorreram de seu rosto, fundiram-se com a água recém derramada na pia amarelada.


As coisas não poderiam mais continuar assim. Não mesmo.


Sem secar o rosto e os cabelos, iniciou uma procura incessante nas poucas gavetas que havia no recinto adjacente. Jogava objetos ao chão, movia-se com rapidez. Na segunda gaveta encontrou o que procurava. Seu título de eleitor. Tinha deixado ali após votar no primeiro turno.


O pequeno documento repousava no fundo da gaveta de um velho móvel. Estava um tanto quanto amassado, porém legível.


Ameaçou fechar a gaveta e com o movimento de empurrá-la um pequeno objeto rolou do fundo para a borda da gaveta fazendo com que Geraldo interrompesse seu movimento inicial. Era metálico e cilíndrico. Pegou-o e identificou: um projétil.


Ao manusear o pequeno projétil, lembrou de onde ele viera.


Em um de seus vários momentos de desespero a procura de emprego, Geraldo encontrou um de seus amigos de infância. Esse amigo utilizava meio ilícitos para ganhar a vida e convidou Geraldo a entrar em um assalto com ele, prometendo ganhos fáceis e rápidos.


O desespero falou por Geraldo que aceitou na hora.


Seu amigo depositou-lhe uma arma em uma das mãos e alguns projéteis na outra.


Na noite que se daria o delito, Geraldo foi tomado de uma crise de choro e desistiu a tempo, porém nunca mais voltou para devolver a arma. Escondeu a arma em cima do guarda roupas com o intuito de um dia entregar.


Interrompeu as reminiscências enfiando a mão mais ao fundo da gaveta e colhendo mais três projéteis. Correu para o guarda roupas e tateou-o até achar a arma de fogo que ali estava.


Com ela na mão, teve uma idéia.


Sorriu, mostrando os dentes amarelados, e começou a balbuciar sozinho enquanto municiava aquela que seria o personagem principal de seu plano. Quando terminou, colocou-a na cintura, na parte de trás das calças, o título de eleitor no bolso e saiu, batendo a porta atrás de si.


Votava em uma escola, não muito longe de sua morada, por isso resolveu ir a pé, pois caminhar sempre lhe fez pensar. Pensou, pensou e esquematizou como faria tudo. Não tinha erros. Ele salvaria o país com seu ato.


A fila estava pequena e a cada pessoa que entrava o frio na barriga de Geraldo aumentava.


Enfim, sua vez chegou.


Entrou. Tirou o título do bolso e mostrou ao mesário. Este conferiu e passou para a presidente de mesa. Foi aí que Geraldo notou a presença de Alice.


Alice foi sua namorada durante muito tempo. Geraldo terminou o namoro por não se achar digno do amor de uma moça tão trabalhadora, enquanto ele definhava na inutilidade.


A moça nunca se conformou e vez por outra o ajudava quando a dificuldade era muita.


Fazia muito tempo que Geraldo não a encontrava e agora ela estava ali como presidente de mesa da sua seção. No local onde ele escolheu para colocar seu plano em ação. Mas ele não poderia recuar. Não iria recuar.


Ela o cumprimentou e disse que ele já poderia votar.


Passo a passo, Geraldo caminhou em direção ao biombo. Olhou para a urna eletrônica, digitou os números do primeiro candidato. Olhou a foto da cara deslavada na foto. Cancelou. Digitou os números do segundo candidato. Novamente olhou a foto com desdém. Cancelou outra vez.
Digitou dois números aleatórios, pensando anular o voto. Cancelou mais uma vez.


Debruçou-se sobre a urna, abraçando-a. Ergueu a caixa eletrônica e retirou a arma da cintura.


Com uma das mãos agarrou a urna e apontou a arma para ela como se fosse um refém.


Saindo de trás do biombo, alternava a mira da arma entre a urna e os mesários, ordenando que saíssem da sala.


Dois deles saíram correndo, prontamente, porém Alice ficou estática, olhando para Geraldo.


- Vai Alice! – gritava Geraldo.
-Não sei o que tu está tramando Ge, mas não vou te abandonar. – respondia Alice, ainda pasma.
- Então tranca a porta e fecha todas as janelas! – dizia Geraldo a sua nova aliada.


Alice obedeceu prontamente.


Os mesários que correram em segundos espalharam a notícia que havia um homem dentro da seção e que tinha feito Alice de refém.


Em mais alguns segundos, a história já havia se espalhado mais e ainda houve quem aumentasse. Inevitavelmente o que chegou aos ouvidos da policia é que Geraldo não tinha suportado o rompimento do namoro entre ele e Alice e que a tinha feito de refém.


Minutos depois a votação ali tinha sido paralisada, o colégio evacuado e um cerco à sala já estava feito. E um negociador tinha sido colocado em contato com o celular de Alice, pois Geraldo não possuía um.


Enquanto o burburinho estava sendo feito do lado de fora, Geraldo explicava a Alice seu plano:


- Ge, o que tu está querendo com isso tudo? – perguntou Alice.
- Estou fazendo uma urna de refém, Alice, para ver se consigo chamar a atenção dos governantes desse país para as barbáries cometidas para com o povo. – respondia Geraldo, ofegante.
- Mas tu acha que vai dar certo isso? – questionava a moça, agachada junto a ele, num canto da sala.
- Sei lá, Alice, mas vou tentar. Tenho que tentar.


O celular de Alice tocava.


- Alô. – atendeu Geraldo.
- Alô. Geraldo?
- Isso. Isso mesmo.
- Meu nome é Celso. Sou da polícia e estou aqui para facilitar.
- Que bom Celso. Pois não quero ter que atirar nela. – dizia Geraldo apontando para a urna.
- Não será necessário, Geraldo. É só me dizer quais as suas condições para deixá-la sair.
- Quero um repórter com uma câmera de TV.
- Só isso? Se conseguirmos isso depois você a deixa livre?
- Deixo.
- Então ta. Vou providenciar.


Desligaram.


Celso virou-se para o comandante do batalhão e disse:


- Ele quer um repórter com uma câmera de TV para libertar a moça.
- Então, vamos dar o que ele quer. – disse o Comandante, chamando seu melhor atirador.


Geraldo estava excitadíssimo e contava sobre a conversa com o policial para Alice:


- Vou conseguir Alice!
- Geraldo, tu não pensa que vai ser preso por isso?
- Que nada, é só uma urna eletrônica...aliás, eu não sabia que eles davam tanta importância para uma urna.
-Pois é, nem eu...
- Mas não importa, posso até ser preso, mas vou aparecer nos telejornais de todo o país, manifestando minha indignação com a situação do país. – dizia Geraldo olhando para um horizonte que acabava ali na parede.


Duas horas depois, o celular de Alice toca novamente.


- Alô. - atendeu Geraldo.
- Geraldo, é o Celso novamente. Conseguimos seu repórter.
- Ótimo. Mande ele sozinho, somente com a câmera.
- Mandaremos.


Desligou.


Uma batida na porta.


Geraldo posicionou-se atrás do biombo com a urna. Alice quis ficar junto a ele.


Segunda batida na porta. Uma voz grita lá de fora:


- Ei, sou o repórter!
- Entre, mas sem gracinhas senão meto uma bala nela!
- Ok. Ok. Onde fico?
- Pode ficar aí mesmo...- disse Geraldo apontando a arma para um canto da sala.


Geraldo ia começar o discurso quando o repórter disse:


- Aí atrás deste biombo não tem luminosidade suficiente para gravar.
-Mas é aqui que vou ficar.
- Ali perto da janela é melhor. – disse o repórter.
- Não banque o engraçadinho! – gritou Geraldo.
- Só quero pegar mais luminosidade...
- Conheço muito bem esse papo...tu é policial disfarçado!
- Não! Não sou!
- É agora que vou meter uma bala nela!


Ao escutar isso o atirador disfarçado disparou a arma que estava camuflada na câmera, atingindo em cheio a cabeça de Geraldo, espirrando sangue em Alice que estava ao seu lado.


Alice gritou ao ver o corpo inerte de Geraldo ali caído e partiu pra cima do policial, soqueando a esmo como um movimento de desespero, gritando:


- Ele só queria falar o que sentia! Ele só queria falar o que sentia!
- Mas ele ia matar você! – dizia o policial segurando as mãos de Alice.
- Não! Ele ia meter uma bala na urna. – disse Alice aos prantos.
- Na urna???
- Sim...

***




Segunda-feira, 27 de outubro de 2008


Manchete de um jornal importante no dia seguinte:


Polícia mata seqüestrador e evita uma tragédia.


Mais um seqüestro passional foi registrado ontem, porém este teve um final menos trágico graças à ação da policia.


O seqüestrador foi abatido por um atirador disfarçado no momento em que ia atirar em sua refém.


A ação foi feita devido aos erros recentes da polícia em negociações de seqüestros.


Geraldo Santos, não suportando o término do namoro, resolveu seqüestrar Alice Ávila que estava trabalhando no segundo turno das eleições. O rapaz descobriu onde ela estaria e planejou tudo antecipadamente.


Alice Ávila não foi ferida e desmente a versão da polícia dizendo que Geraldo seqüestrou uma urna eletrônica para ter a atenção da mídia, pois queria protestar contra os governantes com relação à situação do país.


Especialistas dizem que é normal a vítima inventar esta história absurda devido à Síndrome de Estocolmo, mal que atinge as vítimas de seqüestros.

25 outubro, 2008

Os meus favoritos


Há alguns meses atrás só de ouvir a palavra “blog” uma repulsa tomava conta de mim, instantaneamente. Hoje, sou um aficionado por eles. Não há sequer um dia que nos os leia, que não os procure, que não deixe neles meus parcos comentários. Desando a ler os mais variados tipos e gêneros, sem preconceitos, com uma técnica que é um pouco incomum: Leio o primeiro, olho os blogs indicados e aproveito o link com o título mais interessante e assim vou indo incessantemente até as vistas cansarem ou acabar em um blog sem links (???).


Apesar de ser um leitor desenfreado de blogs alheios, chegando até eles casualmente, existem aqueles que acompanho assiduamente, diariamente, religiosamente. E são esses que destaco logo abaixo, com uma breve descrição de cada:



Delírius Tremens – Escrito por Julio César. É um blog de alto nível de humor, sarcasmo e ironia. Abrange tanto assuntos atuais quanto reminiscências.
Há que se ressaltar o ótimo nível textual. O imperador, como ele se autodenomina, é muito melhor que muitos redatores de programas humorísticos que vemos na televisão.


Dulce Malagueta – Escrito por Lih Marques. Blog que trata de assuntos variados com crônicas, músicas e poesias, porém sempre com uma mensagem para o dia-a-dia, muitas vezes subentendida.
A jornalista apresenta também um excelente feeling para artes, dando indicações de shows, peças de teatro, vernissages, entre outros.


Duo blog – Escrito pela dupla Dino e Diva. Os mais variados assuntos são abordados neste blog que tem a crônica como predominância. Dino trata dos assuntos com uma dose de humor, não deixando a crítica de lado enquanto Diva dá um toque de doçura aos textos.
A excelente escrita há que ser ressaltada, além da integração entre os integrantes que mostram que pode ser mantido um blog a quatro mãos.


O buraco – Escrito por Gabriel Bedin Slevisnki. Blog com uma proposta muito interessante, pois o autor divide-se em três alter egos para exprimir suas emoções.
Os três alternam-se na postagem, variando entre contos, crônicas e poesias. Todos de muita criatividade.


Palavras de um mundo incerto – Escrito por Marcos Seiter. Blog voltado para poesias em geral de sua autoria.


Catapop! – Escrito por Mestre Chang e The Batman. Blog que aborda as atualidades do mundo dos quadrinhos, cinema e música. Excelentes textos desenvolvidos pela dupla, sobretudo as sinopses.


Idéias largadas – Escrito por Lu. Pensamentos, devaneios, loucuras do cotidiano de uma blogueira inveterada.


Inventário do irremediável – Escrito por Juliane Wëlter. Citações, tiradas e situações muito bem flagradas e colocadas com uma dose de humor e/ou ironia.



Falando dos gaúchos - Escrito por vários colunistas. Blog voltado para os acontecimentos do RS, com ênfase no futebol.


Ressalto que a grande maioria dos blogs aqui indicados são de pessoas que nunca vi e até nem mantenho contato e que também não estou lucrando nada com isso.

Espero ter ajudado com estas indicações para os blogueiros de plantão que vivem a procurar algo de qualidade para ler enquanto estão na sua vida virtual.

23 outubro, 2008

Neologismo???


Como se já não bastasse o desacordo ortográfico na nossa querida e amada língua portuguesa, ando deparando-me com expressões e palavras que minha retina desconhece e meus tímpanos reverberam quando proferidas por alguns dos assassinos dessa que um dia foi a mais bela das falas e escritas.

E o pior de tudo é que vez por outra, distraidamente, flagro-me falando ou escrevendo tais heresias etimológicas.

Estaria eu exagerando?

Seria o neologismo da nova era lusófona?

Exemplificar-lhes-ei, ó leitores:



· Findi – Substantivo masculino que determina os dias do final da semana (sábado e domingo). Um dia foi “Fim de semana”.

Exemplo prático: Vamos para a praia no findi???



· Níver – Substantivo masculino que determina o dia que se faz anos. Começou sua abreviação com “Aníver”. Corruptela de “Aniversário”
Exemplo prático: O níver da Paulinha tava show!



· Namo – Substantivo de ambos os gêneros que determina aquele a quem se namora. Varia-se apenas o artigo para determinar o gênero. Ainda podemos ter variáveis como: Namor ou namors. Corruptela de namorado (a).

Exemplo prático: Tua namo ta uma gata hoje.



· Se pá – Expressão adjetiva que exprime dúvida, acaso ou possibilidade. É utilizado como talvez, quem sabe, pode ser. Etimologia desconhecida.

Exemplo prático: Se pá iremos à festa.



· Vc – Pronome de tratamento. Essa corruptela teve muitas variações. No início do século XVI era conhecida como Vossa Mercê, logo após Vosmercê, Vasmicê, Vance e finalmente você. É aplicada no internetês.


· Putz – Interjeição. Utilizada para expressar diversas situações. Corruptela de puta merda ou puta que pariu.
Exemplo prático: Putzzzzz!!



· Bjus – Plural do substantivo masculino que determina o ato de tocar com os lábios em alguém, ou algo, fazendo leve sucção. Corruptela de beijos. Também utilizado no internetês admitindo muitas variáveis, tais como: bjuxx, bjuzzz, bjos, bejos, bjokZ...
Utilizado também para se despedir, ao invés de um simples tchau.


Se pá, vejo vcs no findi. Bjus.

22 outubro, 2008

Top Ten do chororô

Por mais durão e insensível que você seja, ao assistir um desses 10 filmes abaixo sentirá no mínimo um nó na garganta e uma vontade que pelo menos uma lagrimazinha escape.

Tudo bem, depois você pode dizer que foi um cisco no olho...













Convém não estar em estado melancólico quando assistir qualquer um deles, pois o resultado pode ser catastrófico!
O uso de lenços é recomendável.

16 outubro, 2008

O vendedor de calças jeans em Auschwitz


Você está sendo desligado da empresa.”


Assim, simples assim, não exatamente com essas palavras, mas algo parecido com isso, ele recebeu a notícia do seu gerente naquela sexta-feira à tarde, cinzenta, enquanto ainda sentia o peso do almoço no estômago e a sonolência vespertina. O mesmo gerente que dias atrás fingiu ser seu amigo e tentou, de todas as formas, lhe vender uma calça jeans por não ter servido em sua cintura, ou melhor, o que outrora foi uma cintura.


O fato era que estava sendo inexoravelmente defenestrado.


Enquanto, ainda sentado, recebia as instruções de como proceder para os exames de praxe e para resgatar o capital que teria direito por seus serviços prestados àquela empresa, olhava firmemente nos olhos aquilares do seu interlocutor que apresentava, além do azul costumeiro, um prazer, um regozijo, uma satisfação imensa em estar proferindo sua dispensa. Era um azul semelhante aos dos olhos de Mengele, pensava o recém demitido, atrelado a um sadismo espelhado em Wirths. Uma Auschwitz estava instalada naquele local e era inevitável pensar em tudo que passou e se dedicou para que seu trabalho fosse reconhecido.


Tudo inútil.


Inútil como as calças jeans oferecidas pelo amorfo gerente que, com seu sorriso metálico, sinicamente desejava boa sorte.


Naquele momento, que não passou de uns 4 minutos entre a primeira e a última palavra ditas na salinha de reuniões, passou-lhe milhões de coisas na cabeça: No que teria feito de errado, na cotação do Dólar, na nova contratação do time, no capítulo 19 de um livro que estava lendo, nas pernas da Karina Bacchi, no último filme que assistiu no cinema, nas prestações que ainda restavam de um carnê, etc...


Não esperou o déspota finalizar o monólogo, pois aquilo estava lhe causando náuseas. Pensou que até que não era má idéia regurgitar ali mesmo, na cara do “Sr. Cinismo”. Adorou seu próprio pensamento e imaginou seu vômito sujando a camisa salmão, invadindo o colarinho, impecável do sacana.


Esboçou um sorriso. Queria ter gargalhado na cara dele, mas não o fez.


Levantou, saiu da sala, juntou seus pertences e partiu, sem olhar para trás e disso tudo tirou uma lição:


“Nunca confie em alguém que tente lhe vender uma calça jeans.”